Uma pesquisa do instituto Datafolha divulgada no último sábado (9) mostrou que a reprovação ao Supremo Tribunal Federal (STF) atingiu 38%, o maior percentual desde 2002. O índice de aprovação ficou em 27%, e o de avaliação regular, em 31%. O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, reagiu à pesquisa em entrevista à CNN Brasil. Ele afirmou que o valor da Corte não pode ser medido por uma pesquisa de opinião.
“Questões que dividem a sociedade”
Barroso destacou que o STF trata de “questões que dividem a sociedade”, como aborto, porte de armas e liberdade de expressão. “São questões às quais existem desacordos morais razoáveis”, disse. O ministro também reiterou que o STF desagrada “grupos poderosos” da sociedade ao resguardar e interpretar a Constituição. “Sejam grupos econômicos, seja o governo, sejam ambientalistas, sejam agricultores ou sejam indígenas”, afirmou.
“O arranjo constitucional brasileiro faz com que cheguem ao judiciário as questões mais divisivas da sociedade brasilmeira. E nós precisamos decidi-las”, disse Barroso.
Influência do bolsonarismo
A pesquisa Datafolha mostrou que a parcela da população que mais reprova o STF é aquela que se identifica com o bolsonarismo. O percentual de reprovação entre os que apoiam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é de 67%. O STF é responsável pela investigação de inquéritos que envolvem Bolsonaro, como o que apura a suposta interferência do ex-presidente nas investigações da Polícia Federal sobre o caso da facada que ele sofreu em 2018. A Corte e os ministros também foram alvos de reiterados ataques do ex-presidente.
O que esperar?
A alta rejeição ao STF pode afetar a independência da Corte e o seu papel de guardião da Constituição. O ex-presidente Bolsonaro já teceu severas críticas contra o STF. O presidente atual, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem dito que respeita a autonomia do STF. No entanto, ele também já criticou decisões da Corte. É possível que a polarização política no Brasil continue a influenciar a percepção da população sobre o STF.
